A teoria das relações internacionais tende a caracterizar-se por uma dicotomia entre aqueles que enfatizam as condicionantes internacionais no que concerne a grande estratégia e as decisões de política externa, que estão geralmente associadas às teorias realistas das relações internacionais, e aqueles que enfatizam os fatores domésticos, mais particularmente, as teorias liberais. As duas perspetivas são frequentemente consideradas como se fossem incompatíveis. O presente artigo procura contribuir para se estabelecer uma ponte entre as duas perspetivas através da análise das presidências de Syngman Rhee e de Park Chung Hee da República da Coreia. A comparação entre ambas as presidências revela duas visões políticas muito diferentes para a República da Coreia. No entanto, também revela que foram adotadas duas estratégias bastante diferentes por parte dos dois presidentes apesar de condicionantes estruturais semelhantes. Este resultado é coerente com a teoria realista neoclássica e a noção de que a grande estratégia e a política externa são fundamentalmente determinadas em função das pressões internacionais existentes, mas também são influenciadas por fatores a nível doméstico