Em resultado de um crescimento económico significativo, impulsionado pelo aumento do comércio internacional e pela densificação das populações urbanas – que conduz a uma transmissão mais rápida de doenças à escala global – a saúde tem sido uma das principais prioridades da governança mundial nas últimas décadas. A coordenação entre as políticas públicas nacionais e os esforços de cooperação internacional para enfrentar os desafios da saúde pública tornou-se crucial e reconhecida pela maioria dos Estados do sistema internacional (Ibanez et. al., 2022 Ibanez, 2020;). Este reconhecimento – combinado com a consciência da “globalização da doença” (Fidler, 2004) – conduz à utilização da Diplomacia da Saúde Global como um instrumento de política externa e de soft power. Devido ao seu papel cada vez maior na arena internacional, a China tem feito esforços para desempenhar um papel mais relevante na governança global da saúde, especialmente no Sul Global. Por sua vez, como o Brasil tem uma longa tradição e experiência em Diplomacia da Saúde Global, e sendo tanto o Brasil como a China países parceiros comerciais e integrantes dos BRICS, é bastante relevante compreender a evolução da sua relação nessa esfera e na esfera da governança ao longo do tempo. Neste artigo, por meio de uma revisão de literatura de artigos científicos relevantes na área, utilizamos uma perspetiva baseada no bilateralismo para i) delinear o posicionamento da China e do Brasil em relação à diplomacia da saúde entre 2013 e 2023, e ii) analisar sua articulação nesse âmbito no contexto dos BRICS. A evolução dessa relação, com a diplomacia da saúde no centro, tem sido turbulenta, dependendo das lideranças políticas e dos seus respetivos programas políticos; no entanto, este estudo permite-nos identificar os desafios e apontar as melhores práticas e potenciais parcerias de reforço para a consecução de uma melhor saúde para todos e do desenvolvimento sustentável.