O objetivo central deste artigo é o de compreender e analisar as motivações internas e regionais dos Estados da Bacia do Prata e as suas vinculações externas, por forma a elucidar a conjuntura política que haveria de levar o Império do Brasil a realizar, em abril de 1864, um ultimatum ao governo uruguaio e, na sequência, a adentrar em território uruguaio, provocando a intervenção paraguaia no Mato Grosso e no território argentino contíguo, para alcançar o Rio Grande do Sul, dando início à Guerra do Paraguai, em dezembro. Considerando se que as causas do conflito se centram, fundamentalmente, nas relações interplatinas, particularmente envolvendo a livre navegação nos rios Paraná e Paraguai, os interesses do Brasil no Uruguai, a ambição da Argentina de Bartolomé Mitre (1862-1868) de consolidar a unidade política recém-alcançada e as ameaças à reduzida estabilidade regional colocadas pela política expansionista e militarista do ditador paraguaio Solano López (1862-1870), conclui-se que o Reino Unido não orquestrou a guerra, tampouco que esta foi resultado do imperialismo britânico, antes sendo expressão da tradição de violência da década de 1860, que caracterizara o processo de construção do Estado nacional na Bacia do Prata. Na verdade, o fim do conflito haveria de tornar claro o nacionalismo, antes desconhecido de todos, como elemento determinante para esse processo de construção do Estado nacional na região.
FORÇAS E DINÂMICAS NA ORIGEM DA GUERRA DO PARAGUAI – UMA PERSPETIVA
https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0124.4
RAQUEL DE CARIA PATRÍCIO
Resumo
Palavras-chave
Guerra do Paraguai, Império do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai
Artigo publicado em 2024-03-19