Este artigo faz um balanço da ideia de dissonância cognitiva como um possível atributo do atual estado das relações UE-China. Vai para além da abordagem simplista do termo, que se tornou bastante frequente nos discursos de políticos e analistas, pois aprofunda a teoria lançada pelo psicólogo Leon Festinger no final dos anos 50, que, em poucas palavras, assume que numa situação psicologicamente desagradável caracterizada por crenças, opiniões, sentimentos, comportamentos ou atitudes conflituantes, há uma tendência para tentar reduzir a dissonância e evitar informações que possam aumentar o conflito. Sob esta estrutura teórica, o artigo explora as tensões, contradições e dilemas que estão a moldar as relações UE-China num contexto geopolítico e geoestratégico complexo e em rápida mudança. Assim, aproveita as intuições fornecidas pela teoria da dissonância cognitiva para enquadrar uma discussão sobre dependências e interesses, bem como esforços para manter as aparências e equilíbrios admiistráveis dentro do conflito, o que, sem dúvida, pode configurar uma intenção de redução da dissonância. O artigo, no entanto, conclui que essa intenção está relacionada a uma estratégia de cobertura, e não a mudanças de comportamento, valores e crenças ou condições ambientais, conforme defendido pela teoria de Festinger.
EU-CHINA RELATIONS: EXPLORING THE POSSIBILITY OF COGNITIVE DISSONANCE
https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0123.2
CARLOS RODRIGUES
Resumo
Palavras-chave
Dissonância Cognitiva, Rivalidade Sistémica, Contradição, Dilemas, China, União Europeia
Artigo publicado em 2023-09-28