O artigo argumenta que a decisão do Presidente Trump de alterar a política em relação ao Irão, e ao Médio Oriente em geral, durante o seu primeiro mandato foi motivada por uma alteração nas condições estruturais externas causada pela política seguida pelo seu antecessor. Mais especificamente, a assinatura do Plano de Ação Conjunto Global (PACG) pelo Presidente Obama — vulgarmente conhecido como o ‘Acordo nuclear iraniano’ — no âmbito da sua política para o Médio Oriente provocou uma alteração no ambiente externo que foi percecionada pelo Presidente Trump como uma ameaça externa do ponto de vista doméstico. A alteração no ambiente externo levou a uma alteração de política externa em que fatores domésticos interferiram entre o estímulo externo e a resposta estratégica. De um ponto de vista da teoria das relações internacionais, a ideia de que as grandes potências podem provocar mudanças regionais na distribuição de poder, criando ameaças ao nível sistémico, e que os Estados ajustam a sua política externa face a ocorrências sistémicas é consistente com o modelo realista neoclássico. O artigo compara também a política do Presidente Trump para o Médio Oriente com a do Presidente Obama argumentando que, para além de estilos diferentes, ambos os presidentes adotaram essencialmente táticas diferentes na persecução dos interesses norte-americanos.