O presente estudo tem como objetivo investigar a inversão da desigualdade de gênero nas matrículas no ensino superior no Brasil e na China, dois países membros do BRICS. Vários países vieram testemunhar uma transição da desigualdade de género no ensino superior, partindo de “mais estudantes do sexo masculino do que feminino” a “mais estudantes do sexo feminino do que estudantes do masculino”, como o caso do Brasil e da China. A inversão da desigualdade de género no ensino superior aconteceu em 1988 e 2008 no Brasil e na China, respetivamente. Com base neste facto, este artigo pretende responder à seguinte questão: Quais são os fatores que contribuem para a inversão da desigualdade de gênero no ensino superior no Brasil e na China? Para o efeito, esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa, incluindo uma análise de literatura, de dados estatísticos e documentos oficiais dos governos brasileiro e chinês, das Nações Unidas e do Banco Mundial, bem como uma análise comparativa sobre as semelhanças e diferenças entre o Brasil e a China no tocante à inversão da desigualdade de gênero. Neste sentido, através desta investigação, pretendemos identificar os fatores que contribuem para esta transição a partir de aspetos como movimentos feministas, quadro jurídico, desenvolvimento económico, expansão do ensino superior e fatores demográficos. A importância deste estudo reside em suas implicações para a compreensão da evolução panorâmica do ensino superior e da dinâmica de género a nível global. A análise da inversão da desigualdade de género no Brasil e na China pode servir de referência a outros países. As perceções derivadas deste estudo de caso podem chamar esforços globais para colmatar a questão de desigualdade de género e criar sistemas educativos de maior inclusão e equidade. Além disso, a abordagem na questão de género no ensino superior pode ajudar a despertar uma atenção crescente, para lidar com a desigualdade de género em outros domínios.