A relação Brasil-China é dupla e influencia tanto o desenvolvimento econômico quanto a estratégia geopolítica na América Latina. Por um lado, a China vê o Brasil como um mercado emergente com recursos naturais abundantes, o que torna setores como agricultura, energia e infraestrutura atraentes para o investimento chinês. Por outro lado, os investimentos chineses geralmente vêm acompanhados de projetos de desenvolvimento de infraestrutura, como a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), que pode ajudar o Brasil a melhorar seus setores de transporte e energia, como visto no projeto da Ferrovia Transoceânica. Além disso, os países têm cooperado mutuamente em outras áreas, como na integração do grupo BRICS, no lançamento de satélites por meio do programa China-Brasil Earth Resources Satellite (CBERS), em telecomunicações (por exemplo, tecnologia 5G), no setor de energia eólica e em tecnologias verdes, bem como na integração do Brasil em cadeias globais de valor. Assim, este estudo tem como objetivo discutir os interesses mútuos sino-brasileiros e contribuir para a compreensão desse amplo assunto. Nossas discussões e análises sugerem que é importante que o Brasil e a China desenvolvam iniciativas com interesses mútuos e soberanos, visando estabelecer um comércio ambientalmente sustentável com assimetria reduzida. Áreas como a bioeconomia e a governança global são de grande interesse para o Brasil e a China. Os esforços de colaboração dessas nações podem viabilizar novas iniciativas com perspectivas de equilibrar forças com os EUA. De uma perspectiva macro, o fortalecimento econômico e comercial do BRICS e seu relacionamento com o Sul Global podem servir como um contraponto à influência americana. Embora o BRICS possa redefinir as relações de poder globais, os países membros do grupo podem enfrentar influências no gerenciamento de suas relações regionais.